Como o excesso de chuvas afeta a produtividade agrícola?

Descubra os impactos das precipitações intensas no solo e estratégias para mitigar os danos

Como o excesso de chuvas afeta a produtividade agrícola?

O verão brasileiro é tradicionalmente marcado por altas temperaturas e chuvas abundantes. Durante essa estação, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, são comuns as chamadas “chuvas de verão”, caracterizadas por serem intensas e de curta duração, ocorrendo geralmente no final da tarde.

Essas precipitações resultam da elevada evaporação durante o dia, que aumenta a umidade do ar e favorece a formação de tempestades.

No entanto, no início de 2025, o volume de chuvas ultrapassou os padrões habituais em algumas regiões, causando sérios impactos à agricultura nacional. No estado de Mato Grosso, por exemplo, o excesso de precipitações paralisou a colheita da soja, colocando em risco a produtividade da safra 2024/2025.

Produtores enfrentaram dificuldades devido à alta umidade do solo, que impediu a entrada de máquinas nas lavouras e elevou os custos operacionais.

Além disso, no Rio Grande do Sul, intensas chuvas resultaram em inundações que afetaram vastas áreas cultiváveis. Entre abril e maio de 2024, precipitações acumuladas entre 500 e 700 mm foram registradas em várias cidades, correspondendo a um terço da média anual de chuvas. Essas condições adversas comprometeram significativamente a produção agrícola gaúcha, resultando em prejuízos estimados em bilhões de reais.

Esse cenário de chuvas excessivas causa diversos prejuízos ao setor agrícola, desde atrasos na colheita até perdas significativas na produção, afetando a economia e a segurança alimentar do país.

Por isso, reunimos neste artigo os principais efeitos das chuvas intensas nos solos agrícolas, como lixiviação de nutrientes, aumento de doenças e compactação do solo, além de apresentar  estratégias para recuperação e prevenção desses danos, incluindo práticas de manejo adequado e a implementação de sistemas de drenagem eficientes. Confira!

  • Principais efeitos do excesso de chuvas no solo agrícola

Lixiviação de nutrientes

Chuvas intensas podem causar a lixiviação do solo, ou seja, a movimentação de nutrientes essenciais para as plantas, como potássio, nitrogênio e enxofre, para longe das raízes, afetando o crescimento das plantas.

Aumento de doenças

O excesso de umidade cria um ambiente propício para o desenvolvimento de fungos e outras pragas, aumentando a incidência de doenças nas plantas e nas vagens, podendo comprometer a qualidade dos grãos e semente, além de impactar da produtividade agrícola.

Falta de luminosidade

Períodos prolongados de chuva reduzem a incidência de luz solar, prejudicando a fotossíntese. Isso resulta em plantas com crescimento reduzido e grãos de menor qualidade, que não secam adequadamente, afetando a colheita.

Os frutos também são prejudicados pela diminuição de horas luz, que reduz a produção energética da planta, causando abortamento e comprometendo a qualidade, o que exige atenção ao manejo em períodos muito nublados.

Compactação do solo

A saturação do solo pela água pode levar à compactação em alguns tipos de solo, dificultando o manejo de máquinas e equipamentos agrícolas. Além disso, a compactação reduz a aeração e a drenagem do solo, prejudicando o desenvolvimento radicular das plantas.

Afogamento das sementes

O encharcamento do solo impede a adequada respiração das sementes, dificultando a germinação e o estabelecimento das plântulas.

Risco de erosão

Chuvas excessivas aumentam o risco de erosão hídrica, removendo a camada superficial do solo, rica em nutrientes, e podendo causar prejuízos irreparáveis à estrutura e fertilidade do solo.

  • Estratégias para recuperar o solo danificado pelas chuvas

Diagnóstico detalhado

Antes de iniciar a recuperação, é essencial realizar análises químicas, físicas e biológicas do solo para identificar os danos específicos e orientar as ações corretivas.

Drenagem eficiente

A drenagem adequada é essencial para recuperar solos agrícolas afetados por chuvas intensas, pois remove o excesso de água, prevenindo o encharcamento que compromete a saúde das plantas e a estrutura do solo.

Reflorestamento e cobertura vegetal

Implantar cobertura vegetal com espécies adaptadas ajuda a proteger o solo contra a erosão, melhora a infiltração de água e contribui para a recuperação da estrutura do solo.

Práticas conservacionistas

Adotar técnicas como terraceamento, plantio em nível e sistemas agroflorestais auxilia na redução do escoamento superficial e na conservação do solo.

  • Formas de prevenir os danos causados pelo excesso de chuvas

Manejo adequado do solo

Realizar práticas de manejo que mantenham a estrutura do solo, como rotação de culturas, adubação verde e manutenção de cobertura orgânica, reduzindo a compactação e melhorando a infiltração de água.

Sistemas de drenagem

Implementar sistemas de drenagem, como valas e canais, para escoar o excesso de água e evitar o encharcamento do solo.

Uso de cultivares resistentes

Optar por variedades de plantas mais tolerantes à umidade excessiva pode minimizar os impactos negativos das chuvas intensas na produtividade.

Monitoramento climático

Acompanhar previsões meteorológicas permite planejar as atividades agrícolas de forma a minimizar os riscos associados às chuvas excessivas.

  • Dica de leitura!

Para se aprofundar ainda mais nesse tema, confira o documento “Orientações para recuperação do solo gaúcho após enchente”, produzido pelo Departamento de Solos da UFRGS, a Emater/RS e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

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