Tradição e modernidade juntas em uma nova história

Na década de 1980, o Brasil dava sua arrancada na revolução agrícola que nos tornou uma potência global na produção de alimentos. Dávamos os primeiros passos na adaptação de culturas como a soja ao nosso clima e às condições de novas fronteiras agrícolas, como o Cerrado.

Havia muito a ser feito e, então, conhecer o solo estava longe de ser uma prioridade para muitos dos produtores. Hoje fundamentais e valorizadas, as análises das características de cada terreno eram coisa de cientistas, preocupados em buscar informações que levassem aos avanços que o campo precisava.

Foi nesse ambiente, há quase 36 anos, que a história da Solocria Laboratório Agropecuário começou a ser escrita pelas mãos do seu Orlando Cavalcante de Castro, sua então esposa, dona Maria Sérgia Rocha de Andrade, e seu cunhado José Coelho da Rocha Neto.

Com visão de futuro, eles enxergaram em um momento de dificuldade a oportunidade de abrir o próprio negócio a partir da experiência que conquistaram durante os anos de trabalho em outro laboratório.

Naqueles tempos, o casal havia acabado de ter a primeira filha e seu Orlando, além de se dedicar à montagem da empresa, ainda trabalhava à noite na Escola Técnica Federal de Goiás.

A primeira sede da empresa foi um barracão na própria residência. Mas cinco anos depois, o aumento da demanda e a necessidade de ampliar os serviços levaram a construção de uma sede definitiva na avenida Goiás Norte, em Goiânia, Goiás, onde a empresa se situa até hoje.

Luciana Castro, a filha mais velha do seu Orlando e da dona Maria Sérgia, cresceu literalmente junto com a Solocria. Desde muito pequena acompanhou de perto o trabalho dos pais no laboratório.

Apesar disso, trabalhar na empresa da família não foi a sua primeira escolha para a carreira. Formada em letras e com mestrado em linguística, ela queria seguir na área da educação.

Em 2012, quando estudava para o doutorado, uma greve na universidade mudou seu destino. As dificuldades para manter o foco nos estudos e as dúvidas sobre a carreira levaram Luciana a aceitar o convite do pai para ajudar na empresa, que estava com bastante demanda naquele momento.

“Meu pai viu que eu estava um pouco desnorteada e me chamou pra dar uma força na Solocria, para ir aprendendo as coisas”, lembra ela.

Ela trabalhou no escritório, no atendimento ao cliente e depois foi para as áreas financeira e administrativa, nas quais enfrentou alguns desafios. “Quando a gente está em uma posição de tomar decisões e não apenas cumprir ordens é mais complicado”, conta Luciana.

A irmã, Rosana, seguiu roteiro semelhante. Formada em biologia, também pretendia seguir como educadora. Mas o compromisso com o negócio da família falou mais alto e, mais uma vez, o pedido do pai foi atendido.

Diferente de Luciana, Rosana optou pela área técnica e cursou agronomia para assumir a função.  “Quando eu entrei tive que estudar bastante, pois tinha muitas coisas que eu não sabia. Como eu não havia cursado agronomia antes, muitas coisas eu aprendi fazendo”, disse ela.

Durante anos, as duas irmãs trabalharam junto aos pais e outros sócios no comando da Solocria e acompanharam o crescimento da empresa em número de parceiros, atendimentos e serviços.

Hoje são cerca de 5 mil clientes e mais de 100 mil amostras recebidas por ano. Os três principais grupos de clientes são os pequenos produtores, profissionais da agricultura de precisão junto aos grandes produtores e os fabricantes de insumos agropecuários, como fertilizantes, corretivos e ração.

Mais que um laboratório

A partir de 2021, com a aposentadoria do seu Orlando, Luciana e Rosana assumiram o comando da Solocria. Sempre com o desejo de dar uma cara mais moderna para a empresa, elas enxergaram nessa fase de transição a oportunidade e a necessidade de tirar algumas ideias do papel.

Uma das mudanças foi uma importante reformulação na equipe, para seguirem com quem realmente estava engajado e comprometido com a missão da Solocria. Hoje a empresa conta com cerca de 40 colaboradores de vários níveis de formação e valoriza o equilíbrio entre a energia de quem está começando e a experiência dos veteranos.

“Atualmente estamos com uma equipe mais jovem, mas a experiência do pessoal mais velho tem uma importância fundamental na orientação dessa turma”, reforça Luciana.

A reformulação da marca, dos canais de comunicação e das ações de marketing também faz parte dessa nova fase. E para isso, contaram com o trabalho profissional de pessoas especializadas no assunto.

“Nosso objetivo é ser mais que um laboratório. É transmitir uma imagem mais humana, valorizar as pessoas que estão por trás do trabalho que a gente faz”, destaca Luciana. Na opinião dela, os laboratórios normalmente são associados somente à tecnologia, grandes eventos, mas é preciso mostrar além disso.

É preciso mostrar cada rosto por trás dos resultados que chegam até o produtor. É preciso oferecer ferramentas digitais mais modernas e ágeis, sem perder o contato olho a olho.

É preciso fazer a diferença hoje, mas também pensar no amanhã, por meio de parcerias sólidas com universidades e incentivo à pesquisa, além do comprometimento em acompanhar e contribuir com a tendência do uso de técnicas mais sustentáveis.

É preciso conquistar novos clientes, aumentar os serviços, o espaço físico e os lucros, mas, principalmente, ter os atuais parceiros e colaboradores satisfeitos, acolhidos.

Por fim, é preciso mostrar a capacidade de atender diferentes públicos com a mesma eficiência e dedicação.

“Do mesmo jeito que a gente oferece um atendimento especializado para os grandes produtores, a gente oferece para os pequenos produtores também porque a gente reconhece a importância dos dois”, enfatiza Luciana.