Nutrientes do solo: O alimento das plantas

Imagine uma orquestra sinfônica, onde cada instrumento desempenha um papel essencial para criar uma harmonia perfeita. Agora, visualize o solo como o maestro dessa orquestra, conduzindo uma composição complexa de elementos que trabalham para nutrir as plantas.

Assim como na música, onde a ausência de uma nota pode comprometer a sinfonia, a falta de um nutriente pode prejudicar o crescimento e a saúde das lavouras.

É nesse cenário que entram os macro e micronutrientes, os protagonistas invisíveis que garantem o equilíbrio e a vitalidade dos cultivos agrícolas. A partir de hoje convidamos você a embarcar em uma verdadeira jornada pelo solo para descobrir quais são esses nutrientes e porque eles são essenciais para uma agricultura próspera e sustentável.

Mas afinal o que são macro e micronutrientes?

Os macro e micronutrientes desempenham funções cruciais na nutrição das plantas e influenciam diretamente seu crescimento, desenvolvimento e produtividade.

Os macronutrientes, como o nome sugere, são necessários em grandes quantidades e incluem nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), frequentemente nomeados como NPK.

Além desses, cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) também são considerados macronutrientes secundários, indispensáveis para funções estruturais e metabólicas nas plantas.

Já os micronutrientes são requeridos em menores quantidades, mas são igualmente importantes para a saúde e o vigor das plantas. Entre eles estão o boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn).

Esses nutrientes são fundamentais para processos enzimáticos, fotossíntese, síntese de hormônios e resistência a doenças. A carência ou o excesso de qualquer um desses nutrientes pode levar a deficiências nutricionais, resultando em plantas menos produtivas e mais suscetíveis a doenças e estresses ambientais.

Práticas como a análise de solo, a rotação de culturas e o uso de fertilizantes específicos são estratégias eficazes para manter o equilíbrio nutricional adequado. Segundo a Embrapa, uma adubação balanceada pode aumentar significativamente a produtividade das culturas, além de melhorar a qualidade dos produtos agrícolas.

O papel do cálcio e do magnésio para a nutrição das plantas

A nossa jornada para conhecer os nutrientes do solo vai começar pelos macronutrientes secundários cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Embora muitas vezes eles não recebam a devida atenção, são dois elementos que possuem grande relevância para o bom desenvolvimento das plantas.

Cálcio: O pilar da estrutura celular

O cálcio (Ca) é um componente vital da parede celular das plantas, responsável pela rigidez e estabilidade das células vegetais.

Além de auxiliar na composição da parede celular, outras funções principais do Ca são: auxiliar na germinação dos grãos de pólen e no crescimento do tubo polínico.  No solo, ele atua na redução da acidez e diminuição da toxidez do alumínio, através da calagem e gessagem.

Magnésio: O motor da fotossíntese

O magnésio (Mg) é o núcleo central da molécula de clorofila, essencial para a fotossíntese, processo pelo qual as plantas convertem luz solar em energia química. Sem magnésio, a síntese de clorofila é prejudicada, resultando em plantas cloróticas (com folhas amareladas) e em uma redução significativa na eficiência fotossintética.

O Mg também atua na ativação de várias enzimas, auxilia na fixação do gás carbônico, trabalha no metabolismo do nitrogênio, contribui na síntese de proteína e na ativação de aminoácidos, além de auxiliar na absorção de fósforo pela planta.

Equilíbrio e manejo do solo

A atuação do cálcio e do magnésio está interligada. Se um desses elementos estiver em excesso no solo pode comprometer a absorção do outro. Por isso, é necessário considerar a relação Ca:Mg e a saturação desses nutrientes na CTC do solo (Ca/CTC e Mg/CTC) durante a preparação para o plantio.

Para garantir que as plantas obtenham quantidades adequadas de cálcio e magnésio, é crucial realizar uma gestão eficiente do solo. A análise do solo é uma das práticas recomendadas para determinar a disponibilidade desses nutrientes e ajustar as práticas de fertilização de acordo com as necessidades específicas da cultura e do tipo de solo.

Além disso, o manejo da matéria orgânica e a rotação de culturas podem ajudar a manter um equilíbrio adequado desses nutrientes no solo.

Colaborou Igor Castro, engenheiro agrônomo e responsável técnico do setor de solos da Solocria

Fontes de pesquisa:

CropLife Brasil

Embrapa

Esalq